quinta-feira, 31 de maio de 2018

Lua quase cheia

O tempo abriu, quando a lua ficou cheia. Para trás, deixou dias nublados e sentimentos embaçados. Por dentro, buscou a força para acreditar nos sonhos e seguir em frente. Para cima, olhou para o céu e pediu a Deus que abençoasse o caminho, a estrada e a paisagem. Para fora, descobriu a certeza de que a vida estava no trilho certo.

Oito dias se passaram até soar a campainha. Era o motivo da espera. Um homem perfumado com sotaque estrangeiro. Enquanto escrevia os pensamentos na pureza do papel, deixava sua marca no destino. As palavras iam ganhando espaço e aumentavam a intensidade da sua descoberta.

Aos 39, começou a ver a luz no fim do túnel. Esse era o combustível para mover toda a engrenagem, até então parada. A cada pequeno passo alcançado, comemorava com suspiros de felicidade. Parecia que os querubins, finalmente, abriram as portas para o futuro. Até o cheiro doce das frutas trazia paz.

Então, o passado foi limpo. Não havia mais medo; agora estava pronta para a entrega. Um sofá cor de pêssego era o seu companheiro nas noites solitárias. Aliás, já estava tão acostumada com a solitude, com o jeito arredio dos recomeços. Voava longe mesmo quando estava apenas lendo.

O ciclo fechou, levando embora a angústia e a incerteza. Foram tantas voltas, idas e vindas, até o calendário marcar a virada. Uma noite 27, numa noite que não era dezembro, esse foi o início do seu novo ano. Podia ler o tarô, buscar o conforto no horóscopo ou somente sentir o pulsar da intuição. Estava escrito com letras bordadas. O caderno era testemunha do amor que acontecia entre quatro paredes.

Amém! Maktub! Om Shanti!

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