sábado, 24 de setembro de 2016

Voyeurbook

É sempre bom dar uma espiadinha: de manhã, à tarde e à noite. Esse é o lema dos usuários, ou melhor, consumidores das redes sociais. Particularmente, o facebook arrasta uma legião na casa dos milhares de milhões em todo o mundo. Seu objetivo é simples: encurtar as distâncias, derrubar as fronteiras e facilitar a comunicação entre amigos, colegas, parentes, fãs e ídolos. Apesar de parecer algo saudável e positivo, o uso do facebook pode resvalar num voyeurismo explícito.

Pessoas passam a vigiar cada "post", foto e clique alheio para verificar o que o vizinho está curtindo por aqui e acolá. A partir de então, cria-se uma multidão de dependentes e guardiães da vida alheia. Poder-se-ia supor que o próprio usuário pode coordenar os movimentos de conectar e desligar do mundo pré-fabricado na aldeia chamada facebook. Ocorre que, muitas vezes, as pessoas são acometidas por uma vontade incontrolável de espiar e delimitar cada perímetro do mundo do outro. Por meio do arsenal de informação disponibilizado, qualquer internauta com acesso à rede está apto a desenvolver uma (inter)dependência.

Alguns postam para se autoafirmarem nos quesitos subjetivos: beleza, magreza, inteligência e por aí afora. Outros para divulgar e, às vezes, ostentar casas, carros, pratos, viagens e bens materiais, Eu (mulher) posto para você verificar o quanto eu sou bonita, magra, bem relacionada e por aí afora. Você (homem) posta para parecer  que é popular, interessante, alto, gostoso, rico. Juntos, vamos simulando personas ideais para conviver num mundo real. Aliados, vamos criando redomas insustentáveis de felicidade para impressionar o outro. E por que não despertar a inveja? Com isso, eu passo a desejar o que você tem e vice-versa. Nesse conchavo, o ciclo vicioso de um sintoma clássico é retroalimentado: o voyeurismo.

Esqueça o cara a cara. O face já era. Movido por uma sede de experiências, torna-se mais simples e acessível sucumbir ao puro voyeurismo. Então, saímos da era facebook e adentramos o "voyeurbook" com todas as suas matizes possíveis. A atração fatal pelas redes sociais pode ser minimizada com períodos de abstinência. Basta experimentar alguns dias sem acessar a rede, que logo vem um e-mail para lembrar que você tem cinco cutucadas, quatro mensagens, oito convites e três mensagens. Tudo para alimentar a curiosidade até daquele abstêmio, que tenta ficar longe do facebook. Só por hoje.

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